sexta-feira, dezembro 22, 2006

O ébrio e a rosa.

Por um momento, não entendia o que se passava.
Por segundos, que pareceram uma eternidade.
Seu corpo dançava, cercado de calor e risadas
Sua alma planava e seus risos cortavam o ar pesado.

Tudo era simples, simples como um final de tarde
Felicidade... Era isso, o que no momento ele tinha.
Seus pensamentos, desconexos, à ele eram lúcidos
Seus sentimentos, dispersos, estavam focados.
Ele tinha se achado... E estava ali, perdido.

Em meio à tantas antíteses...
Ao redemoinho de sensações contrárias... À loucura reinante
Surge a rosa, triunfante...
E era óbvia, vermelha... E era bela.
E tudo, então, voltou-se à ela.
Ele a segurava... E nada mais importava.

Desejou possuí-la, desejou preenche-la.
Queria morar nela, estar em seu coração...
Pois ela era tão bela, perfeita, singela.
E complexa, como coisas assim normalmente o são.

O ébrio mordeu a rosa.
A rosa mordeu o ébrio.
Não sabia-se mais, quem mordeu quem.
Ele, agora, pertencia à ela...
E ela, era dele também.

Por segundos, que pareceram uma eternidade...
Divagou sobre a poesia das coisas, até que enfim...
A realidade atingiu-lhe a fronte, em um terremoto.
Olhou para a rosa, beijou-lhe a face, guardou-a em seu coração
E lembrou-se do copo.



L>K

quinta-feira, dezembro 07, 2006

Éden?

Ela me disse para fugirmos...
Para um lugar, cujo nome não me lembro.
Era, então, fim de ano... Dezembro.
Mas me pareceu o começo, o inicio de tudo.
Sua voz preencheu meus ouvidos, inundou minha alma...
Com tanta beleza, que em mim não cabia.
E com tal franqueza, as coisas me dizia...
Que ali, rendido, só me restava fazer o que fiz...
Escutei-a, embevecido.

-Vamos fugir, vamos juntos pra lá...
É um lugar quente, mas úmido, fresco... Perfeito.
Não terás tempo de sentir saudades do sol, pois ali é sua morada.
É lá sua casa... E o verás até enquanto dormes.
Não farás isso muito, pois a noite é mágica e dormir tem seu preço...
Com os olhos abertos, verás a chegada de milhões de fadas, sob a lua.
Borboletas brilhantes, diamantes alados, sim, é isso que pensarás de início pois assim aprendeste a pensar.
Até que a poesia vá viver em sua alma e possas ver a verdade.
A única e simples verdade, desde o princípio.

Sentirás um pouco de tristeza...
Por perceber o vício em uma alma crua, de anseios banais.
Enfim, terás liberdade... Por saber que já não a possui mais.

Lá, os pássaros são numerosos, incontáveis, infinitos.
E tão coloridos, de cores que já não nos lembramos que existem.
Entram por nossos olhos, pra morrerem no coração, viram parte de ti.
E cantam, cantam... E nunca ficarás triste.
Residem em ti... São tuas asas, e se tornarão sua própria voz.
Durante dias, meses, durante anos e anos...
Eternamente... não há o que ponderar...
Vamos?

Soube, sabia o tempo inteiro que nunca iríamos, era impossível...
Mas foram estas, as palavras mais doces, que eu jamais tinha ouvido.


L>K

sexta-feira, dezembro 01, 2006

Tente fazer assim.

Que tudo aconteça, em seu tempo.
Sem pressa, revolta, sem frustração.
Que o amor se torne o alimento.
Que sustente, que preencha o coração.
Que todo mal seja apenas brisa.
Que, se esforçando, não carregue uma folha.
Esta, é o menor ato de carinho.
Fruto abundante, não faltará quem o colha.
Que as pessoas se abracem, se saúdem nas ruas.
Que se conheçam, que sorriam de graça.
Amem-se, absurda e incondicionalmente.
Lembrem-se que a vida é curta, que a vida passa.
Sim, temos prazo de validade.
Temos tempo, indeterminado, é verdade.
Morreremos um dia? Certeza!
Amaremos um dia? Quem sabe?
Veja o belo que existe.
Esqueça, o que um dia lhe magoou.
Não há tempo para chorar o que é triste...
Só há tempo para amar... Meu amor.
Os segundos caem, um após o outro, incessantemente.
Nessa contagem regressiva onipresente.
Morreremos um dia? Certeza...
Amaremos um dia?
Certeza!
Tente...

L>K