segunda-feira, abril 28, 2008

Aos poetas II

Não sei direito lhes dizer o que acontece...
Que bicho que veste minha pele.
O que diabos, de mim se apodera.
Por que meus olhos não se fecham?
Qual é o nome da fera?

Pois enquanto o mundo dorme, na ausência do medo
E a cidade silencia, pálida, vazia.
O frio se espalha, e eu o percebo.
E eu não durmo...
E eu escrevo.

Alguém aqui, de fato, se importa?
Na verdade, importa saber?
Não,não interessa, absolutamente...
Salta aos olhos a verdade nitida, ela grita...
Dormir é pra quem já morreu.
Mãos que dormem, não podem escrever.

Esta, é deslumbrante exceção à regra.
Maravilhosa curva, nesta enfadonha vida reta.
Você entende, nobre amigo, eu sei...
És poeta.



L>K

quinta-feira, abril 17, 2008

A abelhinha.

Ocupada, ocupada, só correndo, sem parada.
Traga isso, faça aquilo, não há tempo, tempo nada.
Poesia? Deixe disso, não esta vendo, estou ocupada?
Amor? Que absurdo, não há tempo! E ela gargalha.
Ocupada, ocupada, não há tempo, sem parada.

A vida da abelhinha é assim.

Ela trabalha, sem parar, sem pestanejar, sem pensar...
Não se pode perder tempo.
Pois até pensar muito é perda de tempo.
Amar... certamente é.
E viver acaba virando.

Mas quando ela volta de noite pra sua colméia, cansada...
Não há nada, de fato, novo.
Não há calor em seu travesseiro amigo, mas consolo.
Não há o amor, deixado de lado, mais uma vez.
Mas há paz, e silêncio, e algum conforto.
E Morfeu a contempla com um merecido (desmaio) sono...
Pois a manhã lhe trará, tudo de novo...e de novo.

Eu lhe admiro abelhinha, e a amo, mas não lhe invejo.
Eu sou feliz de estar mais para bicho-preguiça.


L>K

terça-feira, abril 15, 2008

Antítese.

Tudo na vida é passageiro.
A própria realidade é ilusória e efêmera...
Não existem verdades absolutas, nada é verdadeiro.
A sociedade é sazonal e mutável... é temporária.
As pessoas mudam, milhões de vezes, até seu momento derradeiro.

O corpo envelhece, a mente cresce.
A importância dada a todas as coisas muda.
Os valores se alteram, idéias surgem e morrem.
Os brinquedos mudam de tamanho e de preço.
É este o caminho natural dos homens.

Pois quanto ao amor, afirmo que nada se aprende.
Este é matéria para estudos infindáveis.
Este é o enigma insolúvel, intrigante e garboso.
Teorema absurdo, eterno problema...
Maravilhoso.

Maravilhoso, sim, já que ele é verdadeiro motivo de tudo o que se faz, pois dele emana todo e qualquer ordinário ato humano.
Ele contém as respostas e as perguntas, que convivem juntas.
Ele é o senhor dos acertos, das coisas boas, como também dos enganos.

Antítese perfeita, pura dualidade.
O preto e o branco, a cegueira e a visão, o céu e o inferno.
Dia e noite, guerra e paz, vida e morte...
Mentira ou realidade.
Findável... Eterno.
É o algoz e o médico, é o mal e a cura.
Daquelas poesias perfeitas, irretocáveis, que aquecem o coração.
Quando não é a noticia ruim, que é ouvida em um domingo de paz.
Quando não é uma chuva fria, que cai em pleno verão.

No amor, encontra-se sentido para estar vivo bem como vontade de deixar de viver.
É ópio viciante, que euforiza ou transtorna, mas que nos move adiante.
O amor é alivio quando não é a própria dor.
Mil faces ele tem, que se alteram em uma velocidade estonteante.

Alivio...quando não a própria dor.
Por vezes ele é ódio... não deixando de ser...
Amor.

Não existem palavras perfeitas para defini-lo.
A palavra é escrava dos homens e se resumem, aos destes, pensamentos.
O amor é de quem não vemos, seres intangíveis, feitos de sonho.
Que vagam à esmo, anjos, e que com um lamento...
Se matam de amor (pois de amor se morre) quando nos beijam.

Não há vergonha em assumir-se um leigo neste assunto.
E a beleza da coisa toda, está mesmo em não saber.
Quem passou tantos carnavais, e que dele apanha, e que dele não larga.
Sempre tentará compreendê-lo, insistente, ad eternum...
Até morrer.

Se um dia alguém lhe disser que domina suas nuances.
Que olhou em seus olhos, tocou sua alma, desvendou-o sem medo.
O destrinchou completamente, o esquadrinhou...
Lhe afirmar que conhece todos os seus segredos.
Se não for mentira, faça-o calar, ou corra, não ouça...
Pois não há graça, nem propósito nenhum, em sabê-lo.

Antítese!


L>K